Show interrompido pela Prefeitura de SP, polêmica no Lolla e nome diferentão: conheça a banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo
Banda teve show interrompido na noite de sexta (11) pela Prefeitura de SP. Segundo a gestão, o telão e o som foram reduzidos 'após falas e projeções que feriram cláusulas contratuais, com ofensas direcionadas a terceiros'. Banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo durante apresentação na Praça do Patriarca.
Arquivo pessoal/ Markos Ferreira.
Na estrada desde 2019, a banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo já lançou dois discos e se apresentou nos principais festivais do Brasil e até no Primavera Sound Barcelona, na Europa. Nesta sexta-feira (11), o grupo teve o show interrompido pela Prefeitura de São Paulo durante o evento "Semana de Rock", após a exibição de uma bandeira da Palestina com os dizeres “Palestina Livre” no telão.
Formada em 2019, em São Paulo, a banda é composta por Sophia Chablau nos vocais, Theo Ceccato na bateria, Vicente Tassara na guitarra e Téo no baixo. O nome escolhido remete a uma ideia de busca filosófica.
Em 2021, lançaram o álbum homônimo Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, produzido por Ana Frango Elétrico. O trabalho mais recente, Música do Esquecimento, saiu em 2023.
Já em 2024, o show político chamou atenção na estreia da banda no Lollapalooza. Durante a apresentação, a banda exibiu a palavra “réu” no telão, e a vocalista Sophia gritou: “Bolsonaro réu”.
A plateia reagiu com aplausos e gritos; algumas pessoas também entoaram “sem anistia”, em uma manifestação que durou cerca de 15 segundos. A frase “Palestina Livre” também foi exibida durante o show.
Sophia Chablau pergunta: "Cadê o Bolsonaro réu?"
Show interrompido pela Prefeitura
Em comunicado, a banda alega que sofreu censura. Eles informaram que faziam uma projeção da bandeira da Palestina quando o telão foi cortado. Sophia, vocalista da banda, disse que reclamou e pediu a retomada da projeção, mas, em seguida, teve o microfone desligado.
A prefeitura afirmou que o painel de LED foi desligado e o som, reduzido preventivamente “após falas e projeções que feriram cláusulas contratuais, com ofensas direcionadas a terceiros”. A administração diz que o show seguiu até o fim, mas a produtora da banda informou ao g1 que ainda faltavam 20 minutos para o término previsto. (veja a nota completa ao final do texto).
“No intervalo de 30 minutos entre o fim da passagem de som e o início do show, deixamos a imagem com a frase ‘Palestina Livre’ no telão. O produtor do evento, da prefeitura, veio me pedir mais de uma vez para retirar. Falei com a banda, e concordamos em não tirar”, disse Francesca Ribeiro, produtora do grupo.
A banda Sophia Chablau se apresenta nesta quinta-feira (1º) no projeto Amplifiquintas
Biel Basile/Divulgação
A apresentação parte da programação da Semana do Rock, evento promovido pela própria prefeitura com shows gratuitos para celebrar o gênero. Ainda segundo a banda, o contrato não previa nenhuma cláusula que proibisse manifestações públicas.
“Ficamos tristes, porque nosso show é político desde sempre, e estávamos emocionados de poder tocar para vocês. Pedimos desculpas a todos que foram e não puderam ouvir todas as nossas canções. Mas o que aconteceu hoje é inadmissível em uma democracia”, afirmou o grupo em comunicado.
Entrevista - Lollapalooza Brasil 2025 - Sophia Chablau
O que diz a Prefeitura de SP
“A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (SMC), informa que, durante o show da artista Sophia Chablau, o painel de LED foi desligado e o som reduzido preventivamente, após falas e projeções que feriram cláusulas contratuais, com ofensas direcionadas a terceiros. O show, no entanto, seguiu até o fim.
As manifestações são de responsabilidade exclusiva da artista e não representam o posicionamento institucional da Prefeitura, que reforça seu compromisso com a liberdade artística dentro dos parâmetros legais da administração pública.”
O que diz a banda
“Ao projetarmos em nosso telão as bandeiras da Palestina e de outros países do Sul Global, tivemos nossa projeção cortada. Após isso, eu (Sophia) pedi que ela voltasse. A projeção não voltou. Depois de muita reclamação e indignação por parte da banda e do público, ainda tivemos o som cortado pela Prefeitura de São Paulo e fomos ameaçados com multa.
No contrato, não há qualquer cláusula que nos impeça, e manifestar-se publicamente a favor da Palestina não é crime em nosso país. Logo depois, o som foi novamente cortado e nos pediram para reduzir o repertório de sete músicas para duas.
O que aconteceu hoje na chamada ‘Semana do Rock’ não condiz com o que o rock representa. Rock é insubmissão, é transgressão. Ficamos tristes, porque nosso show é político desde sempre, e estávamos emocionados de poder tocar para vocês. Pedimos desculpas a todos que foram e não puderam ouvir todas as nossas canções. O que aconteceu hoje é inadmissível em uma democracia. Em nenhum momento (até a censura) houve qualquer menção à Prefeitura. Foi covardia. Continuamos firmes com nossas posições e esperamos o apoio de vocês.”
A banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo lança o segundo álbum, 'Música do esquecimento'
Helena Ramos / Divulgação

Banda teve show interrompido na noite de sexta (11) pela Prefeitura de SP. Segundo a gestão, o telão e o som foram reduzidos 'após falas e projeções que feriram cláusulas contratuais, com ofensas direcionadas a terceiros'. Banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo durante apresentação na Praça do Patriarca.
Arquivo pessoal/ Markos Ferreira.
Na estrada desde 2019, a banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo já lançou dois discos e se apresentou nos principais festivais do Brasil e até no Primavera Sound Barcelona, na Europa. Nesta sexta-feira (11), o grupo teve o show interrompido pela Prefeitura de São Paulo durante o evento "Semana de Rock", após a exibição de uma bandeira da Palestina com os dizeres “Palestina Livre” no telão.
Formada em 2019, em São Paulo, a banda é composta por Sophia Chablau nos vocais, Theo Ceccato na bateria, Vicente Tassara na guitarra e Téo no baixo. O nome escolhido remete a uma ideia de busca filosófica.
Em 2021, lançaram o álbum homônimo Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, produzido por Ana Frango Elétrico. O trabalho mais recente, Música do Esquecimento, saiu em 2023.
Já em 2024, o show político chamou atenção na estreia da banda no Lollapalooza. Durante a apresentação, a banda exibiu a palavra “réu” no telão, e a vocalista Sophia gritou: “Bolsonaro réu”.
A plateia reagiu com aplausos e gritos; algumas pessoas também entoaram “sem anistia”, em uma manifestação que durou cerca de 15 segundos. A frase “Palestina Livre” também foi exibida durante o show.
Sophia Chablau pergunta: "Cadê o Bolsonaro réu?"
Show interrompido pela Prefeitura
Em comunicado, a banda alega que sofreu censura. Eles informaram que faziam uma projeção da bandeira da Palestina quando o telão foi cortado. Sophia, vocalista da banda, disse que reclamou e pediu a retomada da projeção, mas, em seguida, teve o microfone desligado.
A prefeitura afirmou que o painel de LED foi desligado e o som, reduzido preventivamente “após falas e projeções que feriram cláusulas contratuais, com ofensas direcionadas a terceiros”. A administração diz que o show seguiu até o fim, mas a produtora da banda informou ao g1 que ainda faltavam 20 minutos para o término previsto. (veja a nota completa ao final do texto).
“No intervalo de 30 minutos entre o fim da passagem de som e o início do show, deixamos a imagem com a frase ‘Palestina Livre’ no telão. O produtor do evento, da prefeitura, veio me pedir mais de uma vez para retirar. Falei com a banda, e concordamos em não tirar”, disse Francesca Ribeiro, produtora do grupo.
A banda Sophia Chablau se apresenta nesta quinta-feira (1º) no projeto Amplifiquintas
Biel Basile/Divulgação
A apresentação parte da programação da Semana do Rock, evento promovido pela própria prefeitura com shows gratuitos para celebrar o gênero. Ainda segundo a banda, o contrato não previa nenhuma cláusula que proibisse manifestações públicas.
“Ficamos tristes, porque nosso show é político desde sempre, e estávamos emocionados de poder tocar para vocês. Pedimos desculpas a todos que foram e não puderam ouvir todas as nossas canções. Mas o que aconteceu hoje é inadmissível em uma democracia”, afirmou o grupo em comunicado.
Entrevista - Lollapalooza Brasil 2025 - Sophia Chablau
O que diz a Prefeitura de SP
“A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (SMC), informa que, durante o show da artista Sophia Chablau, o painel de LED foi desligado e o som reduzido preventivamente, após falas e projeções que feriram cláusulas contratuais, com ofensas direcionadas a terceiros. O show, no entanto, seguiu até o fim.
As manifestações são de responsabilidade exclusiva da artista e não representam o posicionamento institucional da Prefeitura, que reforça seu compromisso com a liberdade artística dentro dos parâmetros legais da administração pública.”
O que diz a banda
“Ao projetarmos em nosso telão as bandeiras da Palestina e de outros países do Sul Global, tivemos nossa projeção cortada. Após isso, eu (Sophia) pedi que ela voltasse. A projeção não voltou. Depois de muita reclamação e indignação por parte da banda e do público, ainda tivemos o som cortado pela Prefeitura de São Paulo e fomos ameaçados com multa.
No contrato, não há qualquer cláusula que nos impeça, e manifestar-se publicamente a favor da Palestina não é crime em nosso país. Logo depois, o som foi novamente cortado e nos pediram para reduzir o repertório de sete músicas para duas.
O que aconteceu hoje na chamada ‘Semana do Rock’ não condiz com o que o rock representa. Rock é insubmissão, é transgressão. Ficamos tristes, porque nosso show é político desde sempre, e estávamos emocionados de poder tocar para vocês. Pedimos desculpas a todos que foram e não puderam ouvir todas as nossas canções. O que aconteceu hoje é inadmissível em uma democracia. Em nenhum momento (até a censura) houve qualquer menção à Prefeitura. Foi covardia. Continuamos firmes com nossas posições e esperamos o apoio de vocês.”
A banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo lança o segundo álbum, 'Música do esquecimento'
Helena Ramos / Divulgação

G1
Quem é a banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo | G1
Banda teve show interrompido para Prefeitura de SP após exibir bandeira da Palestina em telão.
Jovens voltam a ocupar posição de leitores por influência das redes sociais. Clube do Livro atrai público em Maceió. Clubes do Livro ganham voz em Alagoas
Cada vez mais as gerações mais novas têm dado espaço ao bom e velho livro, em uma versão repaginada. Agora, as redes sociais e os memes dão à leitura um ar mais divertido e um sentimento de comunidade. Em Alagoas, o público jovem tem prometido recuperar espaços como clubes do livro e surfar em uma nova onda literária, por vezes digital, repleta por literatura nacional e contemporânea.
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Influenciados por booktokers, jovens agora consomem mais indicações literárias e iniciam mais livros. Não é à toa que posts como "livros mais lidos do mês", "livros que você deveria ler se..." e "meus livros favoritos do ano" têm sido comuns em algumas redes sociais.
🔎 BookTok é o fenômeno digital que já conta com mais de 20 bilhões de visualizações na hashtag #BookTokBrasil e influencia o hábito de leitura, mercado editorial, curadoria de eventos literários e estratégias de marketing de editoras.
Para o professor de comunicação Ronaldo Bispo, é importante que os jovens dediquem o tempo à leitura.
"O fato de existir vários perfis dedicados à literatura, é mais um sinal de que a leitura não morreu", diz.
📚 A volta de clubes do livro
"Leio porque me traz paz, conhecimento e me faz ter novas perspectivas de mundo", diz Malu Damásio, estudante, professora de inglês e leitora voraz. Ela participa de um clube do livro em Maceió, capital alagoana, onde os leitores se reúnem em encontros mensais e discutem sobre o enredo e problemáticas sociais dos livros.
Para a professora de língua portuguesa Larissa Bagestom, a leitura tem interessado mais grupos nas escolas. Para ela, a literatura pode ser um caminho para se desvincular dos excessos que a fase e as plataformas exigem.
"Acredito que a sobrecarga emocional, informativa que as redes geram, por si só, cria a necessidade da saída desse ambiente, muitas vezes, tóxico - principalmente, para os adolescentes. Nem sempre ela [a leitura] é a única saída, mas exige do leitor a paciência de desenvolver o hábito, permanecer na leitura, acostumar-se com o estilo de escrita do autor: isso muitas vezes é comprometido por conta da rapidez das redes", conta Larissa.
Nesse cenário os clubes do livro podem ser meios de pertencer a um grupo e fugir das telas, hábito em ascensão entre os usuários frequentes das redes.
O Clube do Livro Pássaro Raro, frequentado por Malu, surgiu há dois anos, a partir da ideia de incentivar a leitura e promover conexões reais, algo cada vez mais necessário em um mundo tão digital, na visão de Pietra, idealizadora do clube.
“Ler, conversar presencialmente, trocar experiências e criar vínculos são gestos de resistência e afeto. O clube se tornou um espaço terapêutico, um momento para desacelerar, refletir, sentir e, principalmente, pertencer”, fala a idealizadora.
Segundo ela, jovens estão frequentando mais o clube, mas a inserção deles nesse cenário ainda é um desafio que está sendo solucionado.
“Iniciativas como clubes do livro e eventos culturais são importantes. Elas funcionam como pontes para novas experiências e precisam ser cada vez mais incentivadas e divulgadas”, afirmou.
Maceioenses participam de clube do livro
Reprodução/Redes sociais
💡Para os leitores vorazes, existem alguns meios para desenvolver ou melhorar um hábito de leitura. São eles:
Ler quando pode, sem fazer disso uma obrigação
Ler os gêneros que você mais se identifica: a leitura precisa ser algo prazeroso
Número de páginas não importa, a leitura precisa ser de qualidade!
Participar de clubes do livro e conviver com pessoas que incentivem o hábito de leitura
📱📖 BookTok e a leitura cada vez mais frequente
As maiores livrarias do país sentem o impacto das redes sociais. De acordo com Bianca Albuquerque, coordenadora de uma livraria em Maceió, o Booktok é uma comunidade grande nas redes sociais no geral. Ela conta que o público, jovens de 13 a 20 anos, aparece na livraria já sabendo dos lançamentos antes de chegarem na loja.
Além disso, Bianca diz que a busca por literatura nacional e contemporânea tem crescido nos últimos três anos.
“A nossa seção de literatura nacional só cresce, e muito responsável pelos autores contemporâneos como a Carla Madeira, a Aline Bei, o Jeferson Tenório, Raphael Montes, a Socorro Acioli e etc. Cada um tem seu gênero literário, mas todos eles vendem muito bem e tem uma procura grande”, fala.
Confira alguns dos livros que fazem sucesso no BookTok:
Tudo é rio - Carla Madeira
Torto Arado - Itamar Vieira Júnior
Os Sete Maridos de Evelyn Hugo - Taylor Jenkins Reid
Verity - Colleen Hoover
Canção para ninar menino grande - Conceição Evaristo
A canção de Aquiles - Madeline Miller
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Tia de Melissa Campos comemorou iniciativa, apesar de saber que processo de apreciação ainda pode ser longo. Proposta apresentada pelo deputado Fred Costa prevê punições mais severas a menores em casos hediondos; mudanças são discutidas às vésperas dos 35 anos do ECA, celebrados neste domingo (13). Melissa Campos foi morta dentro de uma escola de Uberaba; PL quer endurecer medidas do ECA
Redes sociais/reprodução
O Projeto de Lei Melissa Campos, nomeado em referência à adolescente assassinada dentro de uma escola particular de Uberaba, no Triângulo Mineiro, por outro adolescente no mês de maio, foi protocolado no Congresso Nacional. O PL 3.271, apresentado pelo deputado Fred Costa (PRD/MG), quer endurecer as punições previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para atos infracionais considerados hediondos.
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O texto foi redigido pela própria família da adolescente após os dois menores de idade responsáveis pelo assassinato de Melissa receberem a sentença de três anos de internação socioeducativa — pena máxima atualmente prevista para atos infracionais análogos ao homicídio.
O PL deverá ser analisado pelas comissões do Congresso e, caso passe, será colocado em pauta para discussão no plenário. Marisa Agreli, tia de Melissa, comemorou a notícia, embora reconheça que o caminho ainda pode ser longo.
“A jornada é longa e árdua. Há um longo caminho ainda a percorrer, com muitos obstáculos pela frente. Mas temos esperança de, com perseverança e esforço, conquistar nosso objetivo e aprovar a Lei Melissa Campos. Nada trará Melissa de volta e nada apagará a dor da sua partida prematura. Mas acreditamos que ela gostaria de deixar o seu legado para a sociedade e de proteger outras tantas Melissas”, contou ao g1.
O "PL Melissa Campos" foi protocolado em um momento em que o ECA está prestes a completar 35 anos de existência, neste domingo (13). Criado em 13 de julho de 1990, por meio da Lei nº 8.069, a legislação consolidou os direitos das crianças e dos adolescentes e passou a garantir direitos fundamentais, como vida, saúde e educação.
O Estatuto também oferece proteção contra qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, além de regulamentar medidas de proteção e medidas socioeducativas para adolescentes em conflito com a lei.
Entenda as mudanças que a Lei Melissa Campos propõe no ECA
A proposta altera o artigo 121 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Esse trecho trata da duração máxima de três anos de internação como medida privativa de liberdade para adolescentes que cometem atos infracionais. A legislação atual também prevê a reavaliação da medida a cada seis meses.
O projeto propõe que, nos casos de atos infracionais análogos a homicídio qualificado — tentado ou consumado — cometidos no ambiente familiar ou escolar, bem como em casos de feminicídio ou tentativa de feminicídio, a internação passe a ter prazo mínimo de três anos e máximo de oito anos, com reavaliações anuais.
De acordo com Marisa, antes de ser apresentado no Congresso Nacional, o texto original foi ajustado para evitar o que ela chamou de “apreensão em massa de adolescentes”.
“Acredito que agora o texto está mais objetivo e se adequa melhor ao nosso propósito: enrijecer as medidas aplicadas a menores infratores que cometem crimes bárbaros como o que ocorreu com a Melissa e, mais recentemente, na escola do Rio Grande do Sul, sem prejudicar adolescentes que são levados a cometer crimes não violentos por conta da sua situação de vulnerabilidade social”, explicou a tia de Melissa.
A proposta também estabelece que, para ser liberado, o adolescente deverá receber laudo favorável de uma equipe multidisciplinar composta por psicólogo, psiquiatra e assistente social. Além disso, o infrator não poderá ter registros de má conduta durante o período de internação e deverá cumprir as metas definidas pela equipe técnica.
Por fim, o projeto determina que, em casos de atos infracionais considerados hediondos, após o cumprimento da medida, o adolescente seja inserido no regime de semiliberdade, como forma de transição para o convívio em meio aberto.
🔎 Considerada uma medida intermediária, a semiliberdade permite que o adolescente resida em um centro socioeducativo, com saídas autorizadas para atividades escolares ou de convívio familiar, conforme decisão da Justiça. Já a liberdade assistida consiste no acompanhamento do adolescente em sua rotina por um profissional, como um assistente social, com foco na reinserção social.
“É uma mistura de sentimentos. A dor da perda da Melissa ainda é imensa, mas o protocolamento do PL nos traz alguma esperança de que dias melhores virão. Afinal, acreditamos que medidas mais rígidas para casos tão bárbaros inibirão novos casos, poupando a vida de outras Melissas”, ponderou Marisa.
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Melissa foi morta dentro de escola em Uberaba
O crime ocorreu no Colégio Livre Aprender, no Bairro Universitário, no dia 8 de maio. Melissa foi esfaqueada por um colega de classe, um adolescente de 14 anos. Após o ataque, o garoto fugiu, mas foi apreendido horas depois. Outro menor de idade foi apreendido no dia seguinte por ter participado do plano de matar a estudante.
No dia 13 de junho, o juiz da Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Uberaba, Marcelo Geraldo Lemos, determinou a internação de ambos os adolescentes por três anos, pelo ato infracional análogo a homicídio.
“O caso foi apreciado e julgado em 35 dias. Eles cumprirão a medida em um centro socioeducativo e só retornarão ao convívio social quando houver demonstração objetiva e subjetiva de que estão aptos”, informou o magistrado.
O crime ocorreu no dia 8 de maio no Colégio Livre Aprender, em Uberaba
Gabriel Bonfim/TV Integração
Estudante recebeu 'sentença de morte' antes de ser assassinada
A investigação apontou que um dos adolescentes envolvidos no crime entregou um bilhete com uma “sentença de morte” instantes antes de atacar a vítima. A informação foi confirmada pelo promotor do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), André Tuma, durante entrevista à imprensa ao final das investigações.
De acordo com o promotor, a ação do adolescente foi confirmada por imagens de câmeras de segurança analisadas pela Polícia Civil. Objetos pessoais dos envolvidos também foram periciados.
“Essa folha de papel é como se fosse uma sentença de morte. Mas o bilhete falava de uma morte por estrangulamento”, explicou o promotor André Tuma.
Informações foram confirmadas pelas polícias Civil e Militar e pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) na manhã desta terça (20)
Loise Monteiro/TV Integração
A apuração indicou ainda que o ataque foi premeditado, embora a vítima tenha sido escolhida no dia do crime. O adolescente apontado como executor entrou com a arma na escola, enquanto o outro menor, de 18 anos, ajudou a planejar a fuga.
Ambos estudavam na mesma sala da vítima e sentavam-se lado a lado. “Assim que o autor executou o crime, o colega, o partícipe, saiu ao lado dele, caminhando, sem dizer nada a ninguém. Quando retornou, disse que teria ido procurar o executor. Mas, posteriormente, encontramos elementos que mostram que ele planejou a fuga junto com o autor. A ligação entre eles está bem definida”, explicou o delegado da Polícia Civil, Cyro Outeiro.
A investigação descartou motivações como bullying ou misoginia. Segundo o promotor Diego Aguilar, o adolescente que esfaqueou a garota afirmou que sentia inveja da alegria da colega de sala.
“O policial militar que o apreendeu ouviu da boca dele o seguinte: ‘Eu fiz porque tinha inveja do fato de ela simbolizar a alegria que eu não tinha’”, detalhou o delegado.
Autoridades esclarecem morte de estudante em escola de Uberaba
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Até maio de 2025, o estado do Ceará teve 920 pedidos de prisão contra pessoas que não cumpriram a obrigação de pagar pensão alimentícia. 920 mandados de prisão por pensão alimentícia foram expedidos no Ceará de janeiro a maio
Até maio de 2025, o estado do Ceará teve 920 pedidos de prisão contra pessoas que não cumpriram a obrigação de pagar pensão alimentícia. O número escancara não apenas as dificuldades de chegar um acordo para o pagamento do valor, mas também o cumprimento do trato. Por isso, a formalização na Justiça da pensão alimentícia é considerada essencial para a garantia dos direitos.
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A pensão alimentícia é o valor pago a uma pessoa para o suprimento de suas necessidades básicas e, apesar do nome, não diz respeito apenas a alimentos, mas também a outras necessidades como roupas, educação e saúde.
Qualquer pessoa pode solicitar a pensão alimentícia. Geralmente, ela é concedida a filhos, parentes idosos e ex-companheiros. Aos filhos, a pensão deve ser paga até que atinjam a maioridade (18 anos) ou até os 24 anos, caso estejam cursando o pré-vestibular, ensino técnico ou superior.
Não há um valor ou percentual pré-determinado para o pagamento da pensão alimentícia. Na hora da Justiça realizar o cálculo da pensão, ela leva em conta as necessidades do dependente e a capacidade financeira do alimentante - como é chamada a pessoa que vai pagar o valor.
Como solicitar a pensão alimentícia
Defensoria Pública Geral do Ceará
Divulgação
A pensão alimentícia pode ser acordada entres as partes - a pessoa que pediu e a que vai pagar - de forma extrajudicial, amigavelmente. Nestes casos, não há garantia jurídica em caso de descumprimento.
Também é possível requisitar a pensão alimentícia legalmente, em um processo conduzido pela Defensoria Pública do Ceará (DPCE). Esta via é mais recomendada para resguardar os direitos de quem busca a pensão.
"É muito importante que se procure a Justiça para que essa pensão seja fixada. Por que? Porque ela lhe traz segurança. Na hora que o alimentante deixar de pagar a pensão, você pode cobrar isso sob pena de prisão", explica Michelle Camelo, titular da 13ª Defensoria Pública da Família.
Mas, afinal, como dar entrada no pedido de pensão alimentícia no Ceará?
📍 Procure um dos núcleos de atendimento ao público da Defensoria Pública, Em Fortaleza, existem quatro pontos que atendem a pedidos de pensão, localizados nos bairros João XXIII, Luciano Cavalcante, Edson Queiroz e Centro.
➡️Também é possível entrar com o pedido de pensão alimentícia em uma das unidades do Vapt Vupt. Lá, a equipe vai fazer o encaminhamento para a Defensoria Pública
👉 Nos municípios do interior do Ceará, é possível procurar atendimento em uma das unidades do Vapt Vupt ou nas representações da Defensoria Pública; confira a lista completa aqui.
👉 Leve consigo a documentação necessária. No caso da Defensoria Pública, o órgão pede documentos como:
Carteira de identidade e CPF
Comprovante de renda
Comprovante de residência
Comprovante de despesas (escola, farmácia, alimentação, vestuário)
Certidão de nascimento da(s) criança(s),
Documentos que comprovem a possibilidade do réu pagar a pensão, como carteira de trabalho ou contracheque;
Veja a lista completa de documentos aqui
E se o alimentante não pagar a pensão?
Caso o alimentante deixe de pagar a pensão que foi estabelecida em um acordo judicial, sem apresentar justificativa, é possível pedir a prisão dele. A pena varia entre 1 e 3 meses em regime fechado.
No caso das pensões que deixaram de ser pagas há mais de 3 meses, a Justiça pode ordenar a penhora de bens do devedor para garantir a quitação do débito.
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Dados de boletim da Rede de Observatórios de Segurança apontam fragilidade das informações sobre crimes contra meio ambiente e povos tradicionais em nove estados. Ceará teve mais de 6 mil crimes ambientais registrados nos últimos seis anos, aponta levantamento
Fabiane de Paula/SVM
O Ceará registrou 6.214 crimes ambientais entre os anos de 2019 e 2024, conforme divulgado no boletim da Rede de Observatórios de Segurança. Com dados oficiais de nove estados brasileiros, a publicação aponta que o monitoramento destes crimes ainda não é feito de forma padronizada e qualificada.
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O levantamento “Além da Floresta: conflitos socioambientais e deserto de informações” apresenta o dado de nove estados brasileiros disponibilizados pelas secretarias de segurança após pedidos feitos por meio da Lei de Acesso à Informação.
Dentre os estados analisados, o Ceará foi o único que não forneceu dados detalhados sobre os tipos de crimes ambientais praticados entre 2023 e 2024.
Desta forma, não é possível saber quais dos registros no estado se referem às violações contra a fauna e a flora, além de crimes originados pela exploração mineral e pela poluição.
Os pesquisadores da rede fizeram pedidos direcionados às secretarias de segurança para analisar como são feitos os registros de crimes ambientais, explicou Fernanda Naiara, doutoranda em Sociologia na Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisadora da Rede de Observatórios de Segurança.
Além do Ceará, foram incluídos no levantamento os seguintes estados: Amazonas, Bahia, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.
“A gente encontrou um primeiro achado de que não existe um padrão, nesses nove estados, da forma como a segurança pública está tipificando estes casos. Então cada estado enviou números tipificados de formas diferentes, o Ceará foi o estado que nos mandou um número geral”, comenta Fernanda Naiara.
A pesquisadora explica que a ausência dos dados detalhados no estado acende um alerta sobre como está o acompanhamento de crimes considerados complexos, além da formulação de ações e políticas para combater tipos específicos de violação.
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Segundo Fernanda, fica o questionamento sobre como estes crimes são tipificados e investigados. A falta de detalhamento para a sociedade civil prejudica também a análise dos fatores que poderiam explicar o aumento ou a redução do número total de notificações a cada ano.
“A gente teve uma diminuição de 23,82% entre 2023 e 2024, nos crimes ambientais no Ceará. E a gente não tem como saber quais foram os crimes que diminuíram. Será que esta diminuição está diretamente ligada ao trabalho da segurança pública ou a outras variáveis, outras dinâmicas que transformaram esses crimes ambientais?”, questiona Fernanda.
O g1 solicitou à Secretaria da Segurança Pública os dados específicos sobre os tipos de crimes ambientais, além de perguntar sobre os fatores associados à redução geral no número de crimes entre 2023 e 2024. Até o momento, a reportagem não obteve retorno.
Outro aspecto analisado no boletim é a cobertura midiática sobre conflitos socioambientais nos últimos dois anos. Os pesquisadores identificaram que apenas 1,2% dos casos registrados pelos nove estados analisados foram abordados por veículos de imprensa.
Desta forma, o entendimento da Rede de Observatórios de Segurança é de que o número de relatos encontrados pelos pesquisadores ficou aquém do esperado.
Para Fernanda Naiara, a produção de conteúdo jornalístico sobre estes temas traz mais qualidade para os relatos das dificuldades enfrentadas pelas comunidades mais vulneráveis.
Cidades com maiores registros
Crimes ambientais podem levar à detenção e multa
No Ceará, as cidades que tiveram o maior número de crimes ambientais registrados foram Fortaleza, Caucaia e Sobral.
Municípios com mais registros de crimes ambientais:
Fortaleza: 1.693
Caucaia: 208
Sobral: 197
Crato: 150
Juazeiro do Norte: 125
Para além da degradação da flora, os crimes ambientais incluem também violações de direitos das comunidades tradicionais, como em conflitos envolvendo comunidades indígenas e quilombolas, como aponta o estudo.
O levantamento traz, também, os dados com as cidades cearenses que registraram o maior número de crimes cometidos contra pessoas indígenas.
Municípios com mais registros de crimes contra indígenas:
Fortaleza: 818
Caucaia: 431
Pedra Branca: 171
Ibiapina: 164
Cascavel: 145
Segundo a pesquisadora, uma das situações de conflitos envolvendo as comunidades indígenas ganhou visibilidade em junho deste ano, quando representantes do povo Tapeba bloquearam dois sentidos da BR-222, em Caucaia. Na ocasião, os manifestantes denunciaram problemas de acesso causados pelas obras de duplicação da rodovia.
BR-222 é bloqueada nos dois sentidos por protesto de indígenas em Caucaia (CE)
Reprodução
Abertura de estradas, desmatamento para o agronegócio e construção de hidrelétricas são alguns exemplos citados como ações legalizadas que afetam diretamente grupos de pessoas da região.
Conforme Fernanda Naiara, existe também uma limitação da Lei dos Crimes Ambientais por não incluir alguns conflitos agrários e violações cometidas contra comunidades tradicionais.
“Por exemplo: quando a gente está falando de trabalho escravo, muitas vezes ele está relacionado com o crime ambiental. Então a exploração da fauna e da flora vai gerar tipos de trabalho escravo, que tem uma outra tipificação do trabalho análogo à escravidão. Então é um quebra-cabeça que a gente precisa montar para entender a complexidade dos crimes ambientais dentro desses conflitos”, explica a pesquisadora.
Maior visibilidade para o tema
Dentre possíveis soluções, Fernanda aponta a necessidade de incluir representantes da sociedade civil no monitoramento e na execução de políticas públicas sobre crimes ambientais.
Canais de denúncias e de diálogo institucional também são apontados como garantia de mais segurança para pessoas e comunidades afetadas.
No mês de abril, o governo do Ceará criou o Comitê Permanente de Combate aos Crimes Ambientais, que deve ser presidido pela Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema).
Conforme a gestão, o objetivo é coordenar e fortalecer ações de fiscalização e combate a esses crimes, com foco no combate à poluição e na proteção da fauna, da flora, dos recursos hídricos e do patrimônio cultural.
Em publicação no Diário Oficial do Estado, o decreto que criou o comitê cita que ele será integrado por representantes dos seguintes órgãos:
Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema)
Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace)
Batalhão de Polícia do Meio Ambiente do Estado (BPMA)
Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente da Polícia Civil (DPMA)
Procuradoria-Geral do Estado, por meio da Procuradoria de Patrimônio e Meio Ambiente.
Outros órgãos convidados como membros permanentes, segundo o texto, serão o Ibama e o Ministério Público.
O decreto estabelece que outras instâncias poderão ser convidadas, como autoridades com interface sobre o tema, autoridades da administração ambiental das esferas federal e municipal e “autoridades e/ou especialistas de universidades, institutos, fundações, associações e afins”.
Outros aspectos apontados pelo boletim Além da Floresta são:
O Brasil teve 41,2 mil crimes ambientais entre 2023 e 2024, em nove estados analisados.
Quase 70% desses crimes foi por violações contra a fauna e a flora.
O estado do Pará, que vai receber a COP30 em novembro, teve o maior registro de conflitos de mineração e garimpo ilegal, representando 67% do total para este tipo de violação.
Assista aos vídeos mais vistos do Ceará:

Reconhecimento é um dos passos do processo que pode tornar santo Cônego Ananias de Paula Vieira e Padre José Erlei de Almeida; ambos dedicaram a vida ao sacerdócio na região Centro-Oeste de MG. Cônego Ananias e padre José Erlei de Almeida foram reconhecidos como 'Servo de Deus' pelo Papa Leão XIV
Acervo Diocese de Oliveira/Divulgação
Um reconhecimento do Vaticano deu início ao longo e rigoroso processo que pode levar à canonização de dois religiosos da região Centro-Oeste de Minas: o cônego Ananias de Paula Vieira, que viveu em Oliveira, e o padre José Erlei, de Candeias.
Ambos foram reconhecidos pelo Papa Leão XIV como "Servos de Deus". A informação foi confirmada pela Paróquia do Santuário Nossa Senhora Aparecida, de Oliveira, e pela Paróquia Nossa Senhora do Carmo, de Carmópolis De Minas, igrejas responsáveis pelos processos junto ao Vaticano.
"As solicitações tanto do cônego Ananias quanto do padre José Erlei foram aceitas pelo Vaticano com a emissão do 'nihil obstat', expressão em latim que significa 'nada impede'. Ou seja: não há impedimentos para o prosseguimento de ambas as causas”, explicou o historiador e responsável pelo Arquivo da Diocese de Oliveira Matheus José, que também integra o Tribunal da Causa de Beatificação — núcleo de investigação da santidade de ambos os padres.
"A carta chegou no dia 1º de julho, vinda em italiano, do Dicastério para a Causa dos Santos, assinada pelo cardeal Marcello Semeraro".
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Quais os próximos passos?
Após o pedido formal das paróquias ao Vaticano, começa a investigação sobre a vida e as virtudes de cada religioso. O processo não tem prazo para terminar e inclui a análise de milagres atribuídos a eles.
O g1 enviou e-mail ao Vaticano, que confirmou que as duas causas receberam o Nulla Osta em 21 de maio de 2025 e que agora seguem em fase diocesana, etapa conduzida pela diocese responsável. Entenda mais abaixo sobre o processo dentro da Igreja Católica para uma pessoa se tornar santa.
Cônego Ananias: relação afetiva com os animais
Ananias nasceu em Iguatama em 1869, foi ordenado padre em Mariana e atuou como vigário em Piumhi antes de chegar a Oliveira, em 1912, onde assumiu a Paróquia de Nossa Senhora de Oliveira. Morreu em 16 de julho de 1958, aos 89 anos, na Santa Casa de Oliveira, por insuficiência respiratória.
Ficou conhecido pelo modo acolhedor com que ouvia os fiéis, com práticas que, segundo a Igreja, lembram a psicologia moderna, marcadas pelo acolhimento e pela empatia. Também é lembrado pelos devotos por sua relação afetiva com os animais e por sua forte presença espiritual.
Em Oliveira, também atuou como professor no Colégio Pinheiro Campos, confessor no Colégio das Irmãs e capelão na Escola Normal e na Santa Casa de Misericórdia.
O túmulo de Ananias, no Cemitério São Miguel, é um dos mais visitados em Oliveira, mesmo após quase 70 anos de sua morte. A cidade recebe romarias, orações e homenagens ao religioso, e muitas crianças recebem seu nome em sinal de devoção.
O milagre mais conhecido atribuído a ele teria ocorrido em 1960, após uma suposta aparição na cabeceira da cama dele, com a forma semelhante à silhueta de Nossa Senhora de Lourdes.
"Essa imagem atraía muitas pessoas de fora para poder vir visitar a cabeceira da cama e o túmulo. Fizeram relíquias com a batina dele, que estava intacta depois de sua morte após o primeiro processo de exumação. Muitas pessoas foram curadas por ele em vida, e ele falava com os animais", disse Matheus José.
Padre José Erlei morreu em acidente de carro
Padre José Erlei, morto há 15 anos, recebe homenagens no Dia de Finados em Candeias (MG)
José Erlei de Almeida nasceu em Campo Belo no dia 20 de julho de 1967 e foi criado na zona rural de Candeias. Foi ordenado diácono em 1993 e sacerdote no ano seguinte.
Iniciou o ministério na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Carmópolis de Minas, onde criou comunidades, fortaleceu pastorais e realizou obras sociais. Também atuou como reitor de seminário, diretor espiritual, assessor de pastorais e comunicador na Diocese de Oliveira.
Em 2 de novembro de 2001, Dia de Finados, morreu em um acidente de carro, aos 33 anos, o que causou grande comoção na Diocese. Desde então, sua sepultura se tornou lugar de peregrinação, e sua fama de santidade só cresceu.
"Relatos de graças atribuídas à sua intercessão motivaram fiéis a organizarem um memorial e um abaixo-assinado pedindo a abertura do processo de beatificação. Muitos milagres são atribuídos a ele, como, por exemplo, curas de doenças físicas por intercessão do padre", explicou Matheus.
Padre José Erlei de Almeida recebeu o título de Servo de Deus pelo Vaticano
Reprodução/Paróquia Nossa Senhora do Carmo em Carmópolis de Minas
Como se dá o processo de canonização?
Processo de santificação acontece em diferentes fases e é analisado pelo Dicastério das Causas dos Santos, em Roma
AFP
O caminho até a santidade é longo e rigoroso, cabendo ao Dicastério das Causas dos Santos, no Vaticano, analisar o processo. São normalmente duas sessões ordinárias por mês e em cada um são examinados 3 ou 4 casos, com uma média de 80 por ano.
Até a canonização o candidato, para se tornar oficialmente santo, deve primeiro ser servo de Deus, depois venerável e, por fim, beato. Confira as fases:
Reconhecimento local
A investigação tem uma primeira fase na diocese, com o reconhecimento local, partindo da “fama de santidade e dos sinais” entre os fiéis.
A partir daí, o bispo da Diocese envia um pedido formal ao Vaticano, destacando a importância do religioso.
Servo de Deus
Consiste na concessão do título de ‘servo de Deus’, título dado após a fase local. A partir desde título, são reunidos documentos e testemunhos que possam ajudar a reconstruir a vida e a santidade do sujeito.
A reconstrução é feita seguindo ouvindo os testemunhos e coletando escritos e outros documentos que podem ajudar a reconstruir a vida e a santidade do religioso.
Beatificação
Se o candidato é declarado mártir, ou seja, alguém que sofre perseguição, tortura ou morte por defender uma crença religiosa, uma causa ou um ideal, torna-se imediatamente beato;
Caso contrário, é necessário que um milagre seja reconhecido, devido à sua intercessão. O evento milagroso, no geral, é uma cura considerada cientificamente inexplicável, com cura completa e duradoura, em muitos casos mesmo instantânea. Após esta aprovação, os bispos e cardeais da Congregação também se pronunciam sobre o milagre, e o papa autoriza o respectivo decreto. Assim, o religioso é beatificado.
Após esta proclamação, o beato é inscrito no calendário litúrgico da diocese.
Canonização
Para chegar à canonização, ou seja, para que possa ser declarado santo, é necessário atribuir ao beato um segundo milagre, que, no entanto, deve ter ocorrido após a beatificação.
Com a confirmação, o religioso é oficialmente declarado santo e sua devoção passa a ser reconhecida pela Igreja em todo o mundo.
Três mineiros do Centro-Oeste em busca da santidade
Com o início oficial do processo, padre Ananias e padre Erlei se juntam a outro mineiro do Centro-Oeste, cuja santificação também é pleiteada desde 2012.
Padre Libério Rodrigues Moreira, sepultado em Leandro Ferreira, também foi considerado Servo de Deus e segue com o processo em andamento. Em março do ano passado, ele foi declarado como venerável – título concedido àqueles que tenham tido uma vida virtuosa e exemplar, mesmo que ainda não tenham sido canonizadas como santas.
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ChatGPT, Copilot, DeepSeek: aplicativos de inteligência artificial vieram para ficar, mas, além de demandar certos cuidados, não precisam ser usados a todo momento. Sasha Luccioni é cientista da computação e busca democratizar o bom uso do aprendizado automático
BBC
Ela faz contas matemáticas. Pode elaborar perguntas de uma entrevista de trabalho. E pode até atuar como terapeuta. A inteligência artificial (IA) parece ser capaz de fazer tudo com um simples apertar de botão.
A tecnologia está evoluindo em uma velocidade sem precedentes, com as diferentes plataformas competindo entre si para lançar ferramentas novas e cada vez mais avançadas.
O ChatGPT é um dos aplicativos de tecnologia que mais cresceram na história. Alcançou mais de 1 milhão de usuários em apenas cinco dias após o seu lançamento, e 100 milhões em dois meses, segundo um relatório encomendado pelo Encontro Global sobre Inteligência Artificial de 2023, organizado pelos governos de 30 países e membros da ONU, União Europeia e OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
A Microsoft, que lançou seu assistente de IA, Copilot, em 2023, anunciou que espera que o setor de IA de sua empresa ultrapasse os US$ 10 bilhões em receita no segundo semestre de 2025, além de expandir seus data centers para 60 regiões ao redor do mundo.
Já a IA do Google, Overview, que oferece resumos no início dos resultados de busca, registrou 1,5 bilhão de usos em mais de 200 países e territórios, segundo Sundar Pichai, diretor-executivo da Alphabet, a empresa matriz do Google.
Os especialistas afirmam que essa tecnologia veio para ficar, então perguntamos a um deles como aproveitar melhor o que ela tem a oferecer.
A cientista da computação Sasha Luccioni é chefe de iniciativas climáticas filantrópicas na Hugging Face, uma startup global que trabalha com modelos de IA de código aberto e que busca "democratizar o bom uso do aprendizado automático".
"Vejo a IA como um amplificador — tanto do bem quanto do mal da humanidade — mas precisamos garantir que manteremos o controle", disse ela ao BBC 100 Women.
Aqui estão quatro perguntas que ela sugere fazer antes de usar a IA.
1. Qual é a melhor ferramenta de IA para o que você precisa?
Aplicativos de IA são lançados o tempo todo para desempenhar diferentes tarefas
Getty Images/BBC
Todos os sistemas são capazes de fazer coisas muito diferentes, destaca Luccioni.
"Às vezes optamos pelas ferramentas mais populares de IA porque já as conhecemos e elas podem fazer muitas coisas. Mas existem outras feitas para tarefas específicas, como responder perguntas científicas, que podem fazer um trabalho melhor."
A todo o tempo novos aplicativos estão sendo lançados, personalizados para uma variedade de necessidades, grandes e pequenas.
Um aplicativo permite que o usuário tire uma foto de um problema de matemática e ele é resolvido. Outro, mais específico, consegue analisar o seu pão de fermentação natural para melhorar a receita, enquanto outro ainda gera orações personalizadas baseadas em uma gama de textos sagrados.
De acordo com o relatório 2025 AI Index Report, da Universidade de Stanford, as instituições sediadas nos Estados Unidos produziram 40 modelos de IA de destaque no ano passado, em comparação com 15 da China e três da Europa.
Informe-se sobre o que está disponível e faça sua escolha de acordo com suas necessidades.
2. Dá para confiar nas respostas de IA?
A IA pode até te dar uma resposta, mas isso não quer dizer que ela seja correta ou verdadeira, segundo Luccioni.
"Os modelos de IA podem simplesmente inventar coisas que não existem, só porque parecem plausíveis. Isso pode causar muitos problemas quando você usa essas respostas para o trabalho ou para a escola", destaca.
Para evitar esse tipo de situação, ela recomenda sempre revisar os resultados gerados pelos sistemas de IA.
"Releia com atenção e pense criticamente sobre o que está sendo dito e se faz sentido. A IA pode soar confiante e, mesmo assim, estar errada."
3. Que tipo de informação estou compartilhando?
A informação que fornecemos para um modelo de IA pode ser armazenada para gerar outras respostas futuramente
Getty Images/BBC
Os usuários deveriam pensar nas informações que estão fornecendo para uma IA tanto quanto nas que estão recebendo dela.
Segundo Luccioni, os sistemas de IA funcionam com base na compilação de enormes quantidades de dados que são usados para treinar o modelo. Isso significa que a informação que você fornece, seja em foto ou texto, pode ser armazenada, analisada e usada pelo sistema para influenciar respostas futuras.
Cada plataforma tem sua própria política de privacidade, então verifique os termos antes de usá-la.
"Se forem dados pessoais ou sensíveis, ou simplesmente constrangedores, não os forneça para um modelo de IA, porque eles podem acabar na internet", afirma a especialista.
Ela cita o app de IA da Meta, que alguns usuários não sabiam que suas perguntas estavam sendo usadas em um sistema público de alimentação de dados chamado "Discover".
A BBC encontrou exemplos de pessoas enviando fotos de perguntas de provas da escola ou da universidade, solicitando imagens sexuais e pedindo conselhos sobre sua identidade de gênero.
Em 2023, a Itália se tornou o primeiro país do Ocidente a bloquear o chatbot avançado do ChatGPT devido a questões de privacidade e conformidade com o Regulamento Geral de Proteção de Dados.
Coreia do Sul, Austrália e Estados Unidos também já demonstraram preocupação sobre como o DeepSeek, o chatbot chinês, armazena e processa os dados dos usuários.
4. Eu realmente preciso de IA?
A IA não consegue tomar decisões baseadas em valores humanos, como o que é certo ou o que é errado
Getty Images/BBC
Use a IA como uma ferramenta, não como um substituto do seu cérebro, aconselha Luccioni.
Pense se é uma tarefa que poderia fazer por conta própria ou usando outras ferramentas, como uma calculadora para problemas matemáticos mais complexos.
Ela também recomenda recorrer às pessoas ao nosso redor para nos ajudar em questões éticas e pessoais.
"A IA não consegue tomar decisões baseadas em valores humanos — como o que é certo, o que é errado, ou o que é ético em uma situação em particular — e não deveríamos deixá-la tomar esse tipo de decisão", alerta.
A IA também consome muito mais energia e recursos do que os buscadores tradicionais. Os data centers onde ficam os servidores usados pela IA demandam grandes volumes de água para resfriamento, o que pode agravar os problemas de abastecimento ao redor do mundo.
"As ferramentas de IA vão continuar existindo por um bom tempo, especialmente porque estamos cada vez mais presentes e ativos na internet e nas redes sociais", diz Luccioni.
"Mas isso não significa que devemos usar a IA para tudo em nossas vidas, o que acabaria fazendo com que perdêssemos justamente o que nos torna humanos em primeiro lugar: a criatividade, a conexão, a comunidade."
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Segundo Vadim da Costa, professor da Universidade de Brasília, título surgiu nos anos 80. No Dia Mundial do Rock, celebrado neste domingo (13), conheça detalhes dessa história. Confira imagens da intimidade do Legião Urbana
Para os apaixonados por música, a expressão "Brasília, capital do rock" soa familiar. Mas... como a capital ganhou a fama de ser o centro do rock nacional? 🎶
Segundo Vadim da Costa Arsky Filho, professor do Departamento de Música da Universidade de Brasília (UnB), o título surgiu nos anos 80, com a forte expressão do rock na capital.
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A década marcou o surgimento de bandas como Legião Urbana, Raimundos, Plebe Rude e Capital Inicial – todas formadas no Distrito Federal.
"Com uma população comparativamente bem menor que das outras capitais, podemos dizer que o movimento do rock em Brasília, nos anos 80, foi tão intenso que chamou a atenção do resto país", diz Vadim.
📌 No Dia Mundial do Rock, celebrado neste domingo (13), conheça detalhes dessa história (veja abaixo).
O rock no início de Brasília
Segundo Vadim da Costa, o movimento musical de Brasília iniciou-se com força desde a fundação da cidade, em 1960. 🎸
"A criação da Escola de Música de Brasília nos anos 70, pelo Maestro Levino de Alcântara, foi a grande catalisadora de toda a música realizada em Brasília na época", diz o professor
Apesar do foco no ensino clássico, surgiram na cidade os primeiros grupos de rock: Bueiro, TTD, Sol Noturno, A Nata, Banda de Blues John Paul Leo e o grupo Tellah.
Nos anos 80, o cenário do rock foi reconstruído de forma espontânea.
As bandas passaram a contar com participantes que vinham do lado oprimido da ditadura militar, como filhos de professores universitários, e outros do lado opressor, como filhos de militares de alta patente.
Locais da capital onde rock era difundido
Aborto Elétrico em Brasília, no DF
Reprodução
📍 O professor Vadim conta que os grupos de rock, que surgiram durante os anos 80, conquistaram locais para a difusão do estilo musical, como:
estacionamento do antigo Cine Karim, na entrequadra 110/111 da Asa sul;
superquadra 307 da Asa Norte;
Associação Brasileira de Odontologia, que promoveu festivais de rock em seu auditório;
teatro Rolla Pedra (Rock and Roll), em Taguatinga;
Porão do Rock, no Plano Piloto;
Concerto Cabeças, que iniciou com shows itinerantes nas superquadras do Plano Piloto e mais tarde instalou-se na Rampa acústica do Parque da Cidade, até culminar com a criação do bar de punk rock chamado Radicaos.
Rock da capital foi reconhecido
O professor Vadim conta que, ainda na década de 80, a Ordem dos Músicos do Brasil, na sessão do Distrito Federal, contava com mais de 250 bandas de rock cadastradas.
Todo esse movimento fez com que o rock de Brasília fosse reconhecido em todo o país.
Bandas pioneiras
Relembre 7 hits do Raimundos
O professor Vadim destaca as bandas pioneiras que marcaram a capital:
Aborto Elétrico
Blitz 64
Os Metralhas
Os Vigaristas de Istanbul
A partir delas que outros grupos surgiram, como o Legião Urbana, Raimundos, Plebe Rude e Capital Inicial.
Cassia Heller, Zélia Duncan, Mel da Terra e Banda 69 são outros artistas que brilharam na cidade e no país.
Origem do Dia Mundial do Rock
Festival de rock Live Aid (1985)
Em 1985, bandas e artistas de rock como Queen, David Bowie, U2, Led Zeppelin, Phil Collins participaram no Festival Live Aid, no Wembley Stadium, na Inglaterra, e no John F. Kennedy Stadium, nos Estados Unidos, em 13 de julho (veja vídeo acima).
O festival, que contou com shows em outros países como Japão, Autrália e Rússia, tinha como principal objetivo angariar fundos para tentar acabar com a fome na Etiópia.
O evento foi tão emblemático que sua data foi utilizada como marco para o Dia Mundial do Rock.
Capital Moto Week
Palco principal do Capital Moto Week 2024
CMW/Divulgação
No Distrito Federal, um dos eventos para curtir muita música é o Capital Moto Week, maior festival de motos e rock da América Latina. 🎶🏍️
A 22ª edição do evento acontece entre 24 de julho a 2 de agosto, no Parque Granja do Torto, em Brasília. Os ingressos já estão à venda e os shows serão transmitidos ao vivo pela TV Globo.
Além dos 107 shows previstos, a programação do festival conta com atrações como tirolesa, bungee jump e roda-gigante.
Entre as atrações principais estão nomes como Os Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, Samuel Rosa, Lobão com Power Trio, Angra, Cidade Negra e a banda canadense Magic!.
Programe-se
Capital Moto Week 2025
Motociclistas sem garupa e pilotando não pagam ingresso.
🗓️ Quando: de 24 de julho a 2 de agosto
⏰ Horário: a partir das 12h
📍Local: Parque Granja do Torto | Brasília
🎫 Ingressos: a partir de R$ 50, pelo site
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Os Estados Unidos são o país que mais consome café, suco de laranja e carne bovina, todos itens que o Brasil é um dos líderes na produção. Americanos vão sentir no bolso impactos das novas tarifas aos produtos brasileiros.
Reprodução/Jornal Nacional
Donald Trump se elegeu explorando a insatisfação dos americanos com o custo de vida e a inflação. Mas, quando aumenta as tarifas aos produtos importados, ele aplica uma receita segura para uma alta de preços por lá.
Os Estados Unidos são o país que mais consome café, suco de laranja e carne bovina. Por outro lado, o Brasil é o país que mais produz café, laranja e é o segundo maior produtor de carne vermelha.
Parceiros comerciais há mais de 100 anos, os americanos compram produtos brasileiros diariamente.
Até no cinema, o copo descartável com tampa já virou um acessório inevitável. E apesar de consumir US$ 8 bilhões por ano de café, os Estados Unidos não têm como produzir o grão por causa do clima.
Um terço dos grãos de café moídos nos Estados Unidos é brasileiro.
Segundo os dados da Associação Americana de Café, para cada dólar gasto com importação de café do Brasil, são movimentados US$ 43 na economia americana.
Quando o café brasileiro chega nos Estados Unidos, gera 2,2 milhões empregos.
Peter Roberts é especializado no mercado de café artesanal. Ele explica que, nos últimos 5 anos, o preço do café no mercado internacional subiu 50 centavos por causa da crise climática, mas para o público americano, nas lojas, o café subiu quase 5 dólares.
“Tarifas são a justificativa perfeita” — quer dizer, o preço do café vai inflacionar rapidamente.
Depois que uma praga afetou a produção de laranja na Flórida nos últimos anos, 78% do suco consumido vêm do Brasil.
Segundo os importadores, para cada ponto percentual de aumento de preço, caem 2 pontos percentuais de consumo — o que vai afetar diretamente as receitas das empresas americanas.
Importadores e analistas afirmam que o preço da comida mais americana de todas, o hambúrguer, também vai ficar mais salgado.
Os hambúrgueres americanos não são inteiramente americanos: são uma mistura com carne moída importada, principalmente do Brasil.
Há anos, o rebanho americano está ficando menor.
Por isso, os Estados Unidos aumentaram as importações de carne brasileira em mais de 50% entre 2023 e 2024. E a carne brasileira já estava sujeita a tarifas pesadas, de 36%, desde a década de 1990.
Por enquanto, o americano ainda não sentiu o tarifaço de Donald Trump no bolso.
O professor de economia Michael Coon disse ao Jornal Nacional que os produtos ainda não ficaram mais caros porque as marcas se anteciparam e estocaram produtos.
Mas, à medida em que esses produtos chegarem aos Estados Unidos e o custo para estocá-los for computado, as etiquetas vão ser atualizadas para cima.
Além disso, ele explica que, na economia, os números de inflação, desemprego e PIB demoram de um a dois trimestres para aparecerem com clareza porque demora para coletar todos os dados.
Portanto, os primeiros impactos do tarifaço só serão vistos daqui seis a nove meses.
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