Thread

Article header

33° Dia de Estudo Bíblico

No estudo de hoje, refletimos sobre um tema delicado e profundo: o que significa, à luz da fé católica, ser “entregue a Satanás”? Como conciliar essa expressão com a bondade de Deus, a liberdade humana e a predestinação ao céu? Vamos explorar essas verdades com base nas Escrituras, na Tradição e no Magistério da Igreja.

📖 Entregar a Satanás: Sentido Bíblico, Liberdade Humana e a Esperança da Salvação

Quando uma pessoa se entrega tanto a ponto de não querer se corrigir, e pior, desejar o inferno ou o que não é lícito, Deus, na sua infinita bondade e benevolência, deixa que nós decidamos o caminho que iremos seguir.

Passagem chave: Romanos 1:24

– "Foi por isso que Deus os entregou, conforme os desejos do coração deles, à impureza com que desonram seus próprios corpos."

(Deus entrega conforme os desejos do coração; Judas e outros desejaram sair do vínculo filial com Deus. Deus respeita o livre arbítrio.)

Quando a pessoa é entregue em vida a Satanás, é um método "pedagógico" para mortificação do corpo, salvando a alma e levando ao arrependimento e verdadeira constrição.

Exemplo pedagógico: 1 Timóteo 1:20

– "Entre esses encontram-se Himeneu e Alexandre, os quais eu entreguei a Satanás, a fim de que aprendam a não mais blasfemar."

Diferença em Apocalipse: Na grande condenação, não é pedagógica, mas punitiva extrema. **Mateus 25:41 **

– "Depois o Rei dirá aos que estiverem à esquerda: 'Afastem-se de mim, malditos. Vão para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.'"


###💓Vontade de Deus pela Salvação e Livre Arbítrio

Deus quer que todos sejam salvos: **1 Timóteo 2:4 **

– "Ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade."

Nós nos condenamos ao não aceitar a verdade. **João 3:16 **

– "Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna." Apocalipse 3:20 – "Já estou chegando e batendo à porta. Quem ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entro em sua casa e janto com ele, e ele comigo."

(É preciso se abrir para Jesus entrar na vida e caminharmos juntos.)

Deus, em sua infinita bondade, nos criou livres. Ele não impõe o bem, mas propõe. Quando uma pessoa se entrega ao pecado a ponto de rejeitar a correção e desejar o mal, Deus permite que ela siga o caminho que escolheu.

“Foi por isso que Deus os entregou, conforme os desejos do coração deles, à impureza...”
(Romanos 1,24)

Essa entrega não é castigo, mas consequência da liberdade mal usada. Judas, por exemplo, escolheu sair do vínculo com Deus. E Deus, que não é um imperador, respeitou sua decisão.


✝️Predestinação e Conhecimento de Deus

A queda de Judas era determinada por Deus?

Efésios 1:5-6

– "Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por meio de Jesus Cristo, conforme a benevolência de sua vontade, para o louvor da sua glória e da graça que ele derramou abundantemente sobre nós por meio de seu Filho querido."

Não há predestinação ao inferno na Bíblia, somente ao céu. Ou seja, nem mesmo Judas estava predestinado ao inferno, ele escolheu a queda pelo fechamento do coração e se entregou só desejos impuros dando abertura que Satanas entrasse em seu coração como dito no dia anterior.

Deus, eterno, conhece todas as realidades antes de acontecerem por um único ato eterno.

Deus conhece passado, presente e futuro das criaturas antes mesmo de existirem. Cria por amor para que as criaturas.

O conheçam, amem e sirvam, participando de Sua vida.

Desde toda a eternidade, Deus nos destinou ao céu. Ele sabe quem vai para o céu e quem para o inferno, mas predestina todos para o céu.

Por que criar pessoas que Ele sabe que irão para o inferno?

Pelo o amor predestina e o ato de ajudar a salvar, mas depende da decisão de ser salvo depende exclusivamente da criatura em se salvar e ser santa.


🔥Propósito da Vida das Criaturas e Visão do Céu

O que nós criaturas estamos fazendo neste mundo?

Filipenses 1:21

– "Pois para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro." (Viver é Cristo; a vida presente na carne é vivida na fé do Filho de Deus.)

Somos destinados ao céu: Apocalipse 21:4

– "Ele vai enxugar toda lágrima dos olhos deles, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor. Sim! As coisas antigas desapareceram."

Deus nos ama com eterno amor: Jeremias 31:3 – "Aqui está o sentido da predestinação do céu."

Diferente da correção, há a entrega definitiva, descrita por Jesus:

“Afastem-se de mim, malditos. Vão para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.”
(Mateus 25,41)

Nesse caso, não há mais retorno. É a consequência final da rejeição da verdade.


🧠 São Gregório Magno e a Tradição dos Evangelhos

São Gregório Magno (540–604), Papa e Doutor da Igreja, viveu em tempos difíceis para a Igreja. Em sua obra In Ezechielem, ele reafirma a tradição dos quatro Evangelhos:

É isso mesmo que se atesta no início de cada um dos quatro Evangelhos. Mateus é, com razão, representado pelo homem, pois inicia seu Evangelho com a genealogia humana de Jesus Cristo. Marcos é representado pelo Leão, uma vez que inicia seu relato com a voz que clama no deserto. Lucas, por sua vez, é representado pelo bezerro, pois começa pelo sacrifício; João, por fim, é dignamente representado pela águia, porque parte da divindade do Verbo.

Essa leitura alegórica confirma a riqueza e a unidade dos Evangelhos, como vimos em estudos anteriores.


🏛️ O Concílio Vaticano II: Um Concílio Legítimo e Esclarecedor

Muitos criticam o Concílio Vaticano II por não ter sido “dogmático”. No entanto, ele foi plenamente legítimo e profundamente doutrinário. Assim como os 20 concílios anteriores, foi uma manifestação solene da autoridade da Igreja. Foi uma manifestação solene da suprema autoridade da Igreja que pode ser exercida em duas modalidades:

  • Pelo Papa quando fala ex cathedra (como Doutor da Igreja, em consonância com Tradição e Escrituras) ou

  • pelo Colégio dos Bispos no Concílio.

Embora não tenha definido novos dogmas, o Vaticano II esclareceu os já existentes, especialmente por meio das Constituições:

  • Dei Verbum (Revelação Divina)
  • Lumen Gentium (Natureza da Igreja)

Todos os bispos foram reunidos para esclarecer e aprofundar a verdade.

Dei Verbum: Trata da revelação divina positiva, palavra de Deus escrita. Recorda os 73 livros inspirados (46 do Antigo Testamento, 27 do Novo). Fala de critérios para interpretar a Bíblia, sentidos da Palavra, leitura das Escrituras, versões da Bíblia, competências das conferências episcopais em traduções e aprovações, relação entre Palavra, Tradição e Magistério, Lectio Divina, relação da Palavra com as obras, etc.

“Ninguém ignora que entre todas as Escrituras, mesmo do Novo Testamento, os Evangelhos tem o primeiro lugar, enquanto são o principal testemunho da vida e doutrina do Verbo encarando, nosso Salvador. Igreja defendeu e defende sempre e em toda a parte a origem apostólica dos quatro Evangelhos. Com efeito, aquelas coisas que os Apóstolos, por ordem de Cristo, pregaram, foram depois por inspiração do Espírito Santo, transmitidas por escrito por eles mesmos e por varões Apostólicos com fundamento da fé, ou seja, o Evangelho quadriforme, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João. (Dei Verbum, §18)

A Igreja reafirma que os quatro Evangelhos — Mateus, Marcos, Lucas e João — têm origem apostólica e foram escritos por ordem de Cristo, inspirados pelo Espírito Santo, para que o povo se lembre das promessas de Deus.


Conclusão

Deus nos convida à salvação, respeitando nosso livre arbítrio. A entrega a Satanás serve como lição ou consequência, mas o destino final é o céu para quem se abre a Cristo. Guiados pela Bíblia e pela Igreja – de Gregório Magno aos concílios modernos –, podemos aprofundar nossa fé. Convido você a meditar nessas passagens e, se possível, praticar a Lectio Divina para uma conexão mais profunda com a Palavra. Se precisar de mais detalhes ou expansões, é só pedir!

Replies (0)

No replies yet. Be the first to leave a comment!